Presidente entrega Grã-Cruz a líder indígena e reforça compromisso com demarcações e desmatamento zero até 2030 em cerimônia emocionante.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido nesta sexta-feira (4/4) com cantos e danças tradicionais na Aldeia Piaraçu, terra indígena Capoto-Jarina (MT). Em meio a lideranças de diversas etnias do Xingu, Lula condecorou o Cacique Raoni Metuktire com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, a mais alta honraria do Estado brasileiro. “Raoni é um guerreiro incansável pela Amazônia e pelos povos originários”, declarou o presidente, em discurso que destacou a sabedoria indígena como essencial para o equilíbrio climático.
A condecoração, publicada no Diário Oficial da União, reconhece décadas de luta de Raoni – desde a demarcação do Parque Indígena do Xingu nos anos 1960 até suas viagens internacionais alertando sobre o desmatamento. Emocionado, o cacife de 91 anos lembrou: “Sempre lutei por nossa terra e nossa gente”. Em troca, presenteou Lula e a primeira-dama Janja com um colar de conchas e um cesto cargueiro, símbolos de proteção e reciprocidade.
Lula reforçou que demarcações de terras e desintrusão (retirada de invasores) são compromissos do governo: “Não fazemos mais do que cumprir a Constituição”. O plano inclui ações para atingir o desmatamento zero até 2030, meta que depende, segundo o presidente, da proteção indígena: “Sem eles, teríamos secas e enchentes ainda piores”. O ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) acompanhou a solenidade, destacando a parceria entre Estado e povos originários.
O Cacique surpreendeu ao pedir que ele e Lula sejam “exemplos de paz” para futuras gerações: “Quero que nosso trabalho inspire outros a protegerem a floresta e seus povos”. A fala ecoa preocupações com o avanço do agronegócio e garimpo ilegal na região – temas que dominaram as discussões com lideranças locais.
Além da condecoração, o evento marcou o reforço de uma aliança estratégica: Lula garantiu que ouvirá as demandas indígenas pessoalmente, enquanto Raoni segue como voz global pela Amazônia. “Estamos olhando para o mesmo rumo”, resumiu o presidente, em referência aos objetivos comuns de preservação. Com a honraria, o Brasil oficializa o que os povos originários já sabiam: Raoni é um tesouro nacional vivo.
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