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quinta-feira, abril 17, 2025

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Pará: Marajó se torna o novo campo de batalha do comando vermelho na rota da cocaína na Amazônia

Facção carioca domina rotas estratégicas, coopta jovens e intensifica violência em arquipélago paraense, revela estudo inédito.

No coração da Amazônia, o arquipélago do Marajó, no Pará, tornou-se um território de guerra silenciosa entre o Estado e o Comando Vermelho (CV). Conhecida por suas paisagens exuberantes, a região virou rota crítica do narcotráfico internacional, com a facção carioca assumindo o controle de comunidades ribeirinhas e expandindo sua influência. Um estudo do Instituto Mãe Crioula, divulgado em 2024, expõe como o CV substituiu gangues locais, transformando o Marajó em um corredor de cocaína vinda da Bolívia, Colômbia e Peru.

A presença do CV no Marajó é resultado de uma estratégia nacional de expansão geográfica. Desde os anos 1990, os rios da Amazônia servem como vias para o tráfico, mas a chegada da facção em 2020 acelerou a crise. Em Breves, maior cidade do arquipélago, o CV age como “agente de poder econômico e social”, segundo o estudo. A geografia local — com rios e igarapés intrincados — facilita o transporte de drogas, enquanto a cooptação de barqueiros e ribeirinhos garante alertas sobre operações policiais. Em 2023, um confronto entre traficantes e policiais, filmado por moradores, evidenciou a violência desenfreada.

O relatório “Dinâmicas do crime organizado na Amazônia Paraense” revela que 10 dos 16 municípios do Marajó estão sob influência do CV. A facção utiliza armas de grosso calibre e lanchas potentes para escoltar cargas, muitas vezes vinculadas ao contrabando de madeira. “O CV se espalha pela região, mas controlar o Marajó é estratégico para dominar rotas nacionais”, afirma Aiala Colares, coordenador da pesquisa. A conexão com ex-presidiários é outro fator crítico: ao deixarem cadeias em Belém, muitos levam o vírus do crime para suas comunidades, fortalecendo o microtráfico.

Para Colares, a vulnerabilidade social é o caldo de cultura do crime. “Comunidades tradicionais são ameaçadas, e jovens são recrutados com promessas de renda rápida”, explica. Em Breves, onde 60% da população vive abaixo da linha da pobreza, a falta de oportunidades torna o tráfico uma “alternativa” arriscada. A pesquisadora Maria Silva, coautora do estudo, alerta: “O Estado está ausente, e o CV preenche essa lacuna, oferecendo ‘proteção’ em troca de lealdade”.

A crise no Marajó expõe a falência do poder público em conter o avanço do crime organizado. Enquanto o CV consolida seu domínio, a violência e a desigualdade se aprofundam. “Sem políticas de segurança integradas e investimentos em educação, a região continuará sendo um santuário do narcotráfico “, sentencia Colares. O Marajó, hoje, é um símbolo da guerra silenciosa que devasta a Amazônia — e um alerta urgente para o Brasil.

Noticiaamazonica

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